segunda-feira, agosto 04, 2008

O Marquês detesta Burras (Episódio II)

Parece confirmar-se que o Marquês de Pombal, além de Jesuítas, Távoras e outros inimigos figadais também detesta “burras”, ainda que na altura em que tivesse vivido apenas se conhecessem os desenhos feitos pelo Leonardo da Vinci.

Depois da proibição de circularem bicicletas no Passeio Marítimo de Oeiras (O Marquês de Pombal foi também Conde de Oeiras), já referida neste espaço em 27 de Março de 2008, cabe agora à Burra a ingrata tarefa de reportar um episódio ocorrido no dia 4 de Agosto pelas 9:30 da manhã em Vila Real de Santo António, terra criada por decreto do referido Marquês (coincidência?), que mandou incendiar as cabanas dos pescadores da zona de Monte Gordo, para estes se mudarem para a vila que teimava em continuar desocupada.

Esta simpática terra, quase completamente plana, é ideal para usar a bicicleta como meio de transporte, pelo que está toda conquistada pelas “burras”.
Toda?
Parece que não...
No canto Noroeste da Praça Marquês de Pombal (coincidência?) o Café Cantinho do Marquês (coincidência?) parece ainda resistir a esta invasão. Se não todo o Café, pelo menos alguém com ares de “marquês” que deve ter algum papel importante na hierarquia do estabelecimento, a julgar pela fatiota e pelo facto de andar muito atarefado de um lado para o outro sem que se veja a fazer algo produtivo.

Pois na data e hora acima referidas a enorme esplanada do estabelecimento tinha duas mesas ocupadas (foto abaixo) e cinco pessoas que acabam de chegar sentam-se numa das muitas vazias.
Entre estas pessoas estava um turista que se tinha deslocado para o local de bicicleta. Procurou uma mesa à sombra, onde pudesse estacionar o veículo nas proximidades, dado que não tinha cadeado, e já agora à sombra, para o selim não ficar a escaldar. Tentou ainda colocar a burra num local que não incomodasse os restantes utilizadores e empregados. Parecia ter conseguido os seus intentos ao encostá-la a uma pilha de cadeiras que estavam junto à parede, mas já no final do pequeno-almoço apareceu o tal “marquês”, que com maus modos agarrou na bicicleta e a levou para fora do perímetro do estabelecimento. De nada valeu o espantado ciclista tentar balbuciar: “- É minha...”
O tal “marquês” foi mais rápido que qualquer reacção que o ciclista pudesse ter tido.
Estupefacto e sem reacção o ciclista limitou-se a pagar a conta rapidamente e seguir o seu caminho, ficando no entanto a pensar com os seus botões e parafusos que dificilmente se voltaria a sentar na referida esplanada.

Não está em causa o direito que o estabelecimento tem de não querer bicicletas junto da esplanada, o que até se justificará em horas de maior movimento, embora seja duvidoso em horas de movimento quase nulo. Estão em causa os modos agressivos injustificados que o “indivíduo” usou quando pegou na “burra” e a levou para onde quis, sem sequer perguntar ao dono se o podia fazer, depois de este se ter identificado e estando apenas a dois metros dela.

Por isso já sabem, se forem a Vila Real de Santo António, levarem a vossa “burra” e gostarem dela, evitem o Café O Cantinho do Marquês, na Praça Marquês de Pombal (Praça da Câmara), para ela não ser maltratada.

O Café não dará pela vossa falta, porque continuará a viver dos incautos espanhóis que se deslocam à vila para comprar atoalhados, e vocês serão por certo mais bem tratados noutro estabelecimento próximo.

Mas que raio é que o Marquês tem contra as burras?